domingo, março 18, 2007

Letters from Iwo Jima


FUI VER ESTE FILME NO PASSADO DIA 2007.03.17 PELAS 21:40 NA SALA 1 DO CINE SOLMAR, EM PONTA DELGADA, NA COMPANHIA DA MINHA MARINA

Clint Eastwood considerou a história desta batalha tão relevante que não lhe bastou fazer um filme. Fez dois. O primeiro, que estreou em Portugal a 11 de Janeiro, "As Bandeiras dos Nossos Pais", retrata o lado americano da batalha de Iwo Jima.
"Cartas de Iwo Jima" é o segundo, e mostra o mesmo acontecimento sob o olhar dos soldados japoneses.

A batalha travada na ilha japonesa homónima aconteceu em 1945, em plena Segunda Guerra Mundial. Do lado nipónico, quem foi para a frente de combate sabia de antemão que dificilmente de lá sairia com vida.

No entanto, a memória dos soldados japonenes perpetuou-se através das cartas que foram, durante mais de 40 dias, escrevendo para casa, e que servem agora de base a esta película.
Estas missivas revelam o sacrifício, o esforço, a coragem e a compaixão destes homens que se defenderam heroicamente do exército americano.

Nesta que deveria revelar-se uma rápida derrota das forças japonesas, e cuja visão estratégica de um general transformou num combate engenhoso, morreram quase sete mil soldados americanos, e mais de 20 mil japoneses.

Em primeiro plano estão cinco militares: Saigo (Kazunari Ninomiya), um padeiro que só quer sobreviver para conhecer a sua filha recém-nascida; Baron Nishi (Tsuyoshi Ihara), um campeão olímpico de hipismo conhecido em todo o mundo pela sua arte e pela sua honra; Shimizu (Ryo Kase), um jovem ex-agente da polícia militar, cujo idealismo ainda não foi posto à prova pela guerra; e o Tenente Ito (Shidou Nakamura), um militar rígido, que certamente preferiria o suicídio à rendição. Há ainda o General Tadamichi Kuribayashi (Ken Watanabe), figura central, cujas viagens pela América lhe revelaram a natureza vã da guerra, concedendo-lhe simultaneamente a visão estratégica necessária para enfrentar a vasta armada americana que se aproximava pelo Pacífico.

Com este projecto inovador de dois filmes, Eastwood, já galardoado com dois Oscares da Academia por “Million Dollar Baby” e “Imperdoável”, apresenta neste "Letters from Iwo Jima" a normalmente anónima batalha, abordando, através dela, a guerra no Pacífico.

O realizador referiu, em entrevista ao Nouvelle Observateur, que a ideia do segundo filme lhe surgiu "durante a preparação de 'As Bandeiras dos Nossos Pais'. Estava muito intrigado com a personalidade do general Kuribayashi, o comandante de Iwo Jima, por este sistema de fortificações que concebeu e que não corresponde à mentalidade japonesa", referiu. Outro pormenor fê-lo querer divulgar esta história. "Fiquei siderado ao verificar que os actores japoneses do filme nunca tinham ouvido falar de Iwo Jima. Esta história não é ensinada na escola, o período foi como que apagado da memória", explicou.

Cartas de Iwo Jima” (inteiramente falado em japonês) e “As Bandeiras dos Nossos Pais”, duas histórias diferentes em quase tudo, são o tributo de Eastwood a todos os que perderam a vida nos dois lados do conflito.


in http://www.estreia.online.pt

domingo, março 11, 2007

Diamante de Sangue




FUI VER ESTE FILME NO PASSADO DIA 2007.03.10 NA SALA 4 DO CASTELLO LOPES CINEMAS NO PARQUE ATLÂNTICO DE PONTA DELGADA, PELAS 21:30, NA COMPANHIA SEMPRE AGRADÁVEL DA MINHA MARINA

"Blood Diamond" é um thriller de acção sobre o tráfico de diamantes, a miséria que assola a Serra Leoa, e a corrupção que lhes está associada.
O filme passa-se em 1999, em plena guerra civil, centrando-se o argumento de Charles Leavitt ("K-Pax- Um homem do outro mundo") nas motivações, fraquezas, forças e objectivos de três pessoas, apanhadas no centro do conflito.
Danny Archer (DiCaprio) é um mercenário sul-africano, preso por traficar "diamantes de sangue" - pedras preciosas que são usadas para financiar revoltas e terroristas.
Enquanto está encarcerado, fica a saber que Solomon Vandy (Houson), um pescador forçado a abandonar a família para trabalhar na extracção de minério, descobriu e escondeu um valioso diamante.
Com a ajuda de uma jornalista norte-americana, Maddy Bowen (Connelly) os dois homens encontram-se e, juntos, procuram a jóia que pode ser o passaporte para uma vida nova.
Todos eles são movidos por interesses, embora estes sejam bastante diferentes.
Solomon sonha utilizar esse enorme diamante cor-de-rosa como moeda de troca para reaver o seu filho, forçado a integrar um exército de pequenos soldados.
Danny quer ajudá-lo a encontrar a criança para poder ficar com o diamante; Maddy quer reunir o máximo de informações possíveis sobre o tráfico de diamantes para escrever um artigo bombástico.
Apesar de ser um filme repleto de explosões, perseguições e tiroteios, também expõe um número considerável de atrocidades que aconteceram (e continuam a acontecer) no continente negro.
Em "Blood Diamond" podemos assistir ao saque de Freetown, capital da Serra Leoa, pelas tropas rebeldes da RUF (Revolutionary United Frontier), que deixa um rastro de destruição e 5.000 mortos.
A tragédia pessoal de Solomon permite ainda revelar o destino de milhares de crianças que são raptadas, drogadas e forçadas a combater e a matar.
Escusado será dizer que várias empresas da indústria de diamantes se apressaram a certificar que os produtos que vendem não são "diamantes de sangue".
Apesar do tom comercial, "The Blood Diamond" reúne tudo o que é necessário para se tornar um sucesso de bilheteira. Uma dose aceitável de melodrama e sentimentalismo, um trio de actores em boa forma, paisagens naturais deslumbrantes, o contexto histórico, acção, suspense e um final adocicado.

O Contexto histórico:

Em 1996 Ahmad Tejan Kabbah foi eleito o primeiro presidente civil da Serra Leoa, depois de décadas de governos militares. Em Maio do ano seguinte foi deposto por um grupo oposicionista de militares, que logo chamaram as tropas rebeldes da RUF (Revolutionary United Frontier) para os ajudar a governar o país.
Dez meses depois, tropas nigerianas retomaram o poder, reinstaurando a presidência de Kabbah.
Contudo, em Janeiro de 1999, a RUF voltou a atacar a capital, Freetown, sendo contra-atacada pelos nigerianos.
Em Julho desse ano, Kabbah aceitou negociar para ter o líder da RUF, Sankoh, como seu vice-presidente.
A paz durou até Abril de 2000, altura em que o exército da Nigéria saiu do país e a RUF voltou a atacar, usando os elementos da ONU como reféns, o que culminou com a prisão de Sankoh e de outros membros da RUF que faziam parte do governo e aumentou o caos. A situação só começou a melhorar em Maio, quando forças britânicas chegaram ao país para estabelecer a ordem. Em 2002, Kabbah declarou oficialmente o fim da guerra civil.
Para conseguir resistir tanto tempo, a RUF contrabandeava diamantes para pagar armamento e drogas. Nesta época, a vizinha Libéria foi uma das maiores exportadoras de diamantes. Para recrutar novos "soldados", eles invadiam vilas, matavam pais e mães e levavam os filhos, que eram drogados e forçados a dar continuidade a este ciclo de barbárie. Assim, para além de ser responsável pela morte de milhares de civis, o país tem hoje várias gerações de crianças que, até há pouco tempo, faziam parte de um exército sanguinário.

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domingo, março 04, 2007

Babel


FUI VER ESTE FILME, NO PASSADO DIA 2007.03.03 NA SALA1, PELAS 21:40, NA CASTELLO LOPES CINEMAS DO PARQUE ATLÂNTICO, EM PONTA DELGADA, NA DOCE COMPANHIA DO MEU AMOR

Em "Babel", Alejandro González Iñárritu ("21 Gramas", "Amor Cão", "E a Tua Mãe Também") constrói, sem complacências, de uma forma crua, brutal e eficaz, uma teia de quatro histórias onde o amor, a desconfiança e as dificuldades de comunicação estão omnipresentes. Um incidente trágico é o ponto de ligação entre elas e o pretexto para falar da discriminação, do choque civilizacional e da paranóia colectiva em que o mundo global mergulhou depois do 11 de Setembro. Um feito, se tivermos em conta que nada soa forçado neste mosaico de narrativas que atravessa 3 continentes e 4 países. O filme arranca nas areias longínquas do deserto marroquino, onde uma família local negoceia uma espingarda, enquanto dois miúdos irmãos se entretêm a treinar a pontaria com o novo "brinquedo". Num mundo completamente diferente, algures nos Estados Unidos, duas crianças também brincam mas, desta vez, num apartamento confortável. Acompanhados pela sua ama mexicana, Amelia, eles aproveitam a ausência dos pais que partiram de férias para Marrocos para tentar salvar um casamento periclitante. As correrias são interrompidas pelo telefonema do pai a avisar que vai demorar mais do que o que estava previsto, e a dar uma notícia que só mais tarde vamos perceber. A próxima paragem é no Japão onde vive uma adolescente surda-muda revoltada e rebelde que tem dificuldade em relacionar-se com os seus pares que não conhecem o seu mundo feito de silêncio e o luto que tenta fazer. Há ainda tempo para cruzar a fronteira até ao país natal do realizador, o México, e para alguma ironia nesta visita a um território que, segundo dizem as crianças americanas, os pais (Cate Blanchett e Brad Pitt) consideram perigoso, talvez por ter "muitos mexicanos". Um tiro de espingarda e um acidente vão despoletar o desenvolvimento de todas estas histórias e interligá-las. Separados por choques culturais e distâncias desiguais, cada um destes grupos, avança tumultuosamente para um destino comum de isolamento e de dor. Em poucos dias, cada um deles enfrenta a sensação vertiginosa de estar verdadeiramente perdido, enquanto são empurrados para um estado de confusão e de medo mas também para as profundezas das relações e do amor. Filmado em três continentes e em quatro línguas, "Babel" coloca o dedo na ferida, explorando com um realismo esmagador a natureza das fronteiras que parecem separar a humanidade. Invoca assim o conceito antigo que lhe dá nome e questiona as suas implicações nos tempos modernos: identidades incompreendidas, interpretações erradas e oportunidades perdidas de comunicação parecem mover as vidas contemporâneas. De resto há uma frase dita por Iñárritu que parece resumir a ideia-chave do filme: "Falamos de fronteira como apenas um lugar, em vez de uma ideia. Acredito que as verdadeiras fronteiras são aquelas que existem dentro de nós". O cineasta deixa-nos, ainda assim, com um final redentor colocando a família e os laços afectivos que, a custo conseguimos estabelecer com o outro, como derradeiros portos de abrigo. Com um elenco internacional e em plena forma, onde se destacam Brad Pitt, Cate Blanchett, Adriana Barraza e Rinko Kikuchi, o novo filme de Iñarritu recebeu por mérito próprio os galardões de melhor realizador, do Júri Ecuménico e o grande prémio técnico no último Festival de Cannes, estando nomeado em 7 categorias nos Globos de Ouro. Com uma imagem vincada e próxima do grafismo; uma visão cínica e esclarecida da realidade e a inclusão de uma série de dispositivos cénicos hábeis, que reforçam a identificação do espectador com todas as personagens, entre muitas outras qualidades, não se livra de ser um dos filmes obrigatórios de 2006.

in http://www.estreia.online.pt

quinta-feira, março 01, 2007

Tecer o «manto do mundo» através da arte


Está em Portugal o espectáculo "O Manto do mundo", apresentado pelo grupo Gen Verde, ligado ao Movimento dos Focolares. 24 mulheres de 14 países apresentam um musical, com traços poéticos, onde se canta e se fala da aventura humana, iluminada pela luz do infinito.

O espectáculo apresenta, “com pinceladas delicadas”, alguns passos da fisionomia de um povo que percorre os caminhos da História, espalhando sementes de unidade e fraternidade. Orquestra, canto e dança conjugam-se na busca de “uma sintonia do pensamento”.

Sílvia Reis é uma das mulheres que se apresentam em palco e não esconde a emoção por poder apresentar esta mensagem no seu país. Passando quase metade do ano em digressão, esta portuguesa considera que a "espiritualidade da unidade" típica dos Focolares permite que tudo funcione neste grupo tão diverso.

"O Gen Verde é uma experiência original, porque através da música e da dança procuramos transmitir valores comuns a todas nós", refere à Agência ECCLESIA.

A primeira apresentação teve lugar em Santa Maria da Feira, no passado Sábado, dia 24 de Fevereiro. Hoje é a vez de Braga, Parque de Exposições ( 21h00), seguindo-seTorres Novas (3 de Março, 18h30), Coimbra (7 de Março, 21h15), no Teatro Gil Vicente, Lisboa (10 de Março, 21h00), Algarve-Loulé (15 de Março, 21h15).

Sílvia Reis destaca a boa recepção que o grupo tem tido em todo o mundo, como aconteceu num concerto no Japão, há dois anos, perante um público maioritariamente budista. "Nós levamos uma mensagem cristã, apresentamo-nos como somos, e eles apreciaram esta frontalidade", relata.

"Através dos nossos espectáculos procuramos dialogar com todos, crentes ou não crentes, porque acreditamos que temos muitos valores em comum", prossegue.

A artista considera que "nos tempos de hoje, é preciso aproveitar o potencial da arte para dialogar com pessoas diferentes e a música pode chegar ao coração de muitos".

A entrada no grupo nasce a partir do fascínio provocado pela espiritualidade e modo de vida dos Focolares, que a levou até Loppiano, uma cidadela do Movimento, próxima de Florença . O talento não passou despercebido e acabou por ser convidada para o Gen Verde.

"Aceitei o convite, por ser uma experiência nova e por estar de acordo com aquilo que já estava a viver em Florença", explica.

História

Expressão artística do Movimento dos Focolares, fundado por Chiara Lubich, o Gen Verde constitui uma realidade verdadeiramente original no panorama musical internacional. Artistas de todo o mundo – actualmente são 24, de 14 nações diferentes – na incessante busca da unidade.

Loppiano, uma cidadela dos Focolares a 20 km de Florença. No Natal de 1966, um grupo de jovens recebe a prenda de uma bateria de cor verde. Elas tinham vindo de todo o mundo, impulsionadas pela vontade imensa de construir, naquelas colinas, um pedaço visível de um mundo mais unido – aquilo que define as “cidadelas”.

E esta convicção ardente exprime-se também em canções, em danças e transforma-se numa dádiva para todos.

Realizam-se espectáculos que vão desde as praças das cidades vizinhas até aos grandes estádios, teatros italianos e estrangeiros… um percurso progressivo e incessante. Em 40 anos o nome Gen Verde percorreu as estradas da Europa, da Ásia e das Américas. Mais de 1200 espectáculos realizados, cerca de 1 400 000 espectadores.

Desde 1966 até hoje fizeram parte do Gen Verde 129 jovens, de 29 nações. A variedade de culturas, de tradições, de formação, é um enriquecimento, e traduz-se numa doação pessoal e na aceitação da diferença, com uma estima e respeito recíprocos. No trabalho colectivo e na vida quotidiana descobrem-se elementos que unem as várias culturas, desencadeando um processo irreversível de integração.

Há uma extraordinária variedade de linguagens expressivas (que vão da dança moderna ao teatro) e de estilos (desde o jazz-rock à World-music). A música, o canto, a dança, o teatro, são uma possibilidade de comunicação com o público.

A variedade de estilos é o reflexo da variedade da proveniência dos artistas. A história musical do Gen Verde está em constante evolução: desde os simples concertos dos primeiros anos até um tipo de espectáculo global: “ O mundo, uma casa” (1980), “Mil estradas de luz” (1985), “Os desafios do ano 2000” (1990). Depois, um estilo de teatro musical com “Primeiras Páginas” (1996) e “O manto do Mundo” (2005), em que se remonta às origens da própria história.

in http://www.agencia.ecclesia.pt