sábado, janeiro 01, 2005

Polar Express

Depois de ''Forrest Gump'' e de ''Cast Away- O Naúfrago'', Tom Hanks e Robert Zemeckis voltam a trabalhar juntos, desta vez num filme de animação tecnicamente inovador, baseado no aclamado conto natalício de Chris Van Allsburg.''Na Noite de Natal, há muitos anos, estava deitado muito quietinho na minha cama. Nem sequer fazia barulho com os lençóis. Respirava devagar e baixinho. Aguardava um som - o som que um amigo me disse que nunca ouviria - dos guizos do trenó do Pai Natal''.É assim que Chris Van Allsburg começa o conto que, desde 1985, fascinou vários milhões de leitores de todas as idades, não só pela sua história mas também pelas ilustrações que a acompanhavam. Entretanto, o rapaz de 8 anos, a que a história não dá nome, continua a pensar alto e a sentir-se dividido quanto à existência do Pai Natal. Ansioso com a chegada dos presentes, ele não consegue pregar olho e é nessa altura que a magia acontece. Vindo do nada, um comboio a vapor mete travões a fundo mesmo à porta da sua casa, provocando um estrondo capaz de acordar a cidade toda. Mas ninguém acorda, nem ninguém deu por nada. Só ele. Estaria a sonhar? Impossível, quando sai para a rua, de pijama e chinelos, ele vê o condutor do comboio que parece esperar por ele para seguir viagem até ao Pólo Norte. Acompanhado por outras crianças, ele inicia assim uma viagem à descoberta de si mesmo e das maravilhas da vida...Robert Zemeckis e Tom Hanks convidam o público a entrar neste comboio numa viagem animada em busca do espírito natalício. Anunciado como a mais perfeita combinação entre interpretação real e animação computadorizada, ''The Polar Express'' é um dos filmes mais caros do ano, com um orçamento milionário de 150 milhões de dólares, o dobro de ''Shrek 2'', e o mesmo do recentemente estreado ''Alexander, o Grande''. É por isso uma grande aposta da Warner Bros que tenta devolver a magia à quadra natalícia e encaixar chorudas receitas de bilheteira.Tom Hanks abraçou o projecto de corpo e alma. Para além de produtor executivo, ele interpreta cinco personagens do filme: o rapaz, o revisor, o operário fantasma que assombra o comboio, o pai do rapaz que não desconfia de nada e o próprio Pai Natal. A inovação está na forma como ele e o restante elenco o fazem. Graças a uma técnica baptizada como motion capture (captura de movimentos), todas as personagens do filme foram interpretadas por actores de carne e osso, vestidos com um fato equipado com inúmeros reflectores, colocados em pontos-chave do corpo, que são lidos por câmaras com sensores digitais. Essa informação segue depois para um computador que constrói a imagem tridimensional dos movimentos e replica até as expressões faciais dos actores.Inventada pela medicina para estudar o alcance do movimento humano, esta técnica tem sido usada nos videojogos de desporto para recriar os movimentos dos jogadores de basquetebol ou futebol. Apesar desta não ser a primeira vez que é aplicada na sétima arte, até aqui nunca ninguém a tinha usado acima do pescoço. Neste caso, os (152) reflectores que os actores usaram no rosto permitiram enviar informação suficiente para identificar todas as expressões que um actor pode ter, enquanto está a ser filmado. Mas nem só de virtudes técnicas se faz este filme. Ao contrário do que tem acontecido noutras propostas recentes do cinema de animação, este ''The Polar Express'' nunca se esquece do seu público-alvo. Com um argumento simples - que não reduz tudo e todos às noções do bem e do mal - emoções fortes e paisagens deslumbrantes, o filme é cuidadosamente pensado para encantar os mais novos.

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