domingo, fevereiro 20, 2005

Esquerda e Direita

ESTE FOI O MEU ÚLTIMO ARTIGO DE OPINIÃO NO DIÁRIO DOS AÇORES A 2005.02.17


“(...) A esquerda e a direita têm as bandeiras tradicionais, quase obsessões. A direita defende intransigentemente a ordem, a segurança, a hierarquia. Elogia sem cessar o mercado e a competitividade. Fala do indivíduo e critica a colectivização. A esquerda, pelo seu lado, elege como baluartes a igualdade de oportunidades, a solidariedade e a justiça social, a crença na participação e na construção partilhada. O problema é que as expectativas dos povos são muitas vezes iludidas (...)”, (Daniel Sampaio, Árvore sem Voz, Editorial Caminho, Lisboa, 2004, pp. 84-85).Ao ler este excerto do reconhecido psiquiatra Daniel Sampaio, ilustre irmão do nosso Presidente Jorge Sampaio, dei comigo a perguntar SERÁ QUE EM PORTUGAL SE CUMPREM ESTES BALUARTES? À primeira vista parece que sim. Há algum tempo, no programa Prós e Contras da RTP1, este mesmo tema foi abordado. Como simples estudioso destes temas de política (na vertente de Estudos Europeus e Política Internacional) não posso deixar de comentar estas eleições à Assembleia da República a realizar no próximo dia 20.Com dois anos de governo, Durão Barroso (agora Mr. José Manuel Barroso) governava um Portugal sedento de algumas reformas. Aquando da Azores Summit, a 16 de Março de 2003, nas Lages, Durão Barroso ganhava alguma notoriedade no plano internacional. Daí até ao convite para chefiar a Comissão Europeia decorreram todos os processos de nomeação próprios para tão prestigioso posto. Depois de algumas recusas de outros primeiros-ministros de países igualmente neutros, Luxemburgo por exemplo, o então primeiro-ministro português decide aceitar o convite. Prudente ou não? O tempo o dirá.No plano interno, o Presidente Sampaio decidiu nomear, o então presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Pedro Santana Lopes. Na minha opinião, Sampaio quis, com isso, reestruturar um PS desfragmentado e tal levou a que o Dr. Ferro Rodrigues se precipitasse da cadeira do poder. Todavia, o tempo que medeia entre a nomeação e a destituição é parco. Mas o Sr. Santana Lopes e Paulo Portas ainda conseguiram continuar a danificar a imagem de um Portugal fraco a todos os níveis. Sócrates é eleito secretário-geral do PS e aí Sampaio quebra a loiça e demite a coligação. Onde está aqui a clivagem direita esquerda? Não será a posse pelo poder a verdadeira meta de todos os políticos?
Estamos, agora, quase a chegar ao fim duma campanha eleitoral que descrevo numa palavra: MEDÍOCRE. Não vi debatidos programa nem ideias. Só vi escândalos, evasão de privacidade, debates cancelados, em suma: NADA. Há uma questão que formulo: quem vou eleger? O candidato do meu círculo ou o Primeiro-ministro? Na realidade o que vou eleger é o meu representante à Assembleia da República do meu círculo eleitoral, neste caso Açores. O que vou escolher é entre o prestigiado Dr. João Bosco Mota Amaral ou o Dr. Ricardo Rodrigues. Sócrates? Santana? Somente indirectamente. A este propósito, o artigo 149º nº 1 da Constituição da República Portuguesa é bem claro: “Os Deputados são eleitos por círculos eleitorais geograficamente definidos na lei, a qual pode determinar a existência de círculos plurinominais e uninominais, bem como a respectiva natureza e complementaridade, por forma a assegurar o sistema de representação proporcional e o método da média mais alta de Hondt na conversão dos votos em número de mandatos”.Se alguma dúvida restasse penso que, com a leitura atenta deste artigo, ficou dissipada. A questão é entre o Dr. Mota Amaral e o Dr. Ricardo Rodrigues. A direita e a esquerda portuguesas são, no meu modesto entendimento, dois conceitos somente doutrinais. A luta do PODER é que norteia as políticas. O bem comum é substituído pela satisfação pessoal dos políticos. A política foi substituída pela politiquice. Como futuro politólogo não posso estar mais em desacordo com o actual panorama actual na política portuguesa. A politiquice e os interesses de alguns senhores feudais conseguem levar-nos à exaustão. E nós? O que fazemos para mudar? Portanto faço um apelo: VÁ VOTAR. MOSTRE QUE QUER DECIDIR. SE NÃO O FIZER NÃO SE PODE QUEIXAR. POR ISTO, VOTE!

In http://www.da.online.pt/news.php?id=82518

2 comentários:

Anónimo disse...

Penso que o artigo está bem escrito. Contudo, discordo plenamente de que o Presidente da República tenha nomeado Santana Lopes Primeiro-Ministro para reestruturar o PS. A meu ver o país confrontava-se com uma crise política de grandes dimensões e a dissolução da Assembleia da República só iria acentuar todo o imbróglio em que Portugal se encontrava. A decisão de Jorge Sampaio, para quem domina relativamente bem a história de Portugal no pós-25 de Abril, não foi novidade, sendo que Mário Soares havia já procedido da mesma forma. Para além disso, a demissão de um governo PSD por parte de um militante confesso do PS só iria agravar as rixas políticas entre os dois maiores partidos, podendo de futuro tornar impossível a governação do país sem uma maioria absoluta. Para além disso a sua dúvida em quem vai eleger é lícita, visto que apesar de elegermos os deputados à Assembleia da República, temos de ter em atenção que estamos a definir os governantes do nosso país. No caso dos Açores, o que aconteceu na campanha para as legislativas foi flagrante! O uso da figura do Dr. Mota Amaral para dinamizar uma campanha incisiva em terras açorianas, em deterimento da figura de um apagado primeiro-ministro, só veio mostrar o jogo baixo que o PPD-PSD criou durante toda a campanha. Assim sendo,o Dr. Mota Amaral só veio denegrir a sua imagem ao "dar a cara" por um PSD de rastos, abandonado por todos os grandes políticos que provieram deste partido(estes sim tiveram a dignidade política de não apoiar aquele que seria mais um governo fracassado, sem qualquer capacidade governativa.

Anónimo disse...

Penso que o artigo está bem escrito. Contudo, discordo plenamente de que o Presidente da República tenha nomeado Santana Lopes Primeiro-Ministro para reestruturar o PS. A meu ver o país confrontava-se com uma crise política de grandes dimensões e a dissolução da Assembleia da República só iria acentuar todo o imbróglio em que Portugal se encontrava. A decisão de Jorge Sampaio, para quem domina relativamente bem a história de Portugal no pós-25 de Abril, não foi novidade, sendo que Mário Soares havia já procedido da mesma forma. Para além disso, a demissão de um governo PSD por parte de um militante confesso do PS só iria agravar as rixas políticas entre os dois maiores partidos, podendo de futuro tornar impossível a governação do país sem uma maioria absoluta. Para além disso a sua dúvida em quem vai eleger é lícita, visto que apesar de elegermos os deputados à Assembleia da República, temos de ter em atenção que estamos a definir os governantes do nosso país. No caso dos Açores, o que aconteceu na campanha para as legislativas foi flagrante! O uso da figura do Dr. Mota Amaral para dinamizar uma campanha incisiva em terras açorianas, em deterimento da figura de um apagado primeiro-ministro, só veio mostrar o jogo baixo que o PPD-PSD criou durante toda a campanha. Assim sendo,o Dr. Mota Amaral só veio denegrir a sua imagem ao "dar a cara" por um PSD de rastos, abandonado por todos os grandes políticos que provieram deste partido(estes sim tiveram a dignidade política de não apoiar aquele que seria mais um governo fracassado, sem qualquer capacidade governativa).