domingo, maio 30, 2004

Hungria

Localização geográfica: Europa Central
Área: 93 032 km2
População: 10 208 127 habitantes (1998)
Capital: Budapeste
Outras cidades importantes: Debrecen, Miskolc, Szeged e Pécs
Data de independência: 1989
Regime político: República multipartidária
Unidade monetária: Forint
Língua oficial: Húngaro
Religiões maioritárias: Catolicismo e Protestantismo

República da Europa Central, faz fronteira com a Eslováquia a norte, com a Ucrânia e a Roménia a leste, com a Eslovénia, a Croácia e a Jugoslávia a sul, e a Áustria a oeste. Tem uma área de 93 032 km2 e uma população de 10 208 127 habitantes, o que corresponde a uma densidade populacional de 110,0 hab./km2. A capital da Hungria é Budapeste, onde vive cerca de 21% da população. Tal como em muitos outros países europeus, a população húngara tem tendência para diminuir, facto que se vem registando desde a década de oitenta. Estima-se que, em 2025, a população seja apenas de 9,4 milhões de habitantes, dado que se prevê que a taxa de mortalidade (14,6o/oo) que aumentou nos últimos anos, continue a ser superior à taxa de natalidade (11,7o/oo).
Distinguem-se quatro regiões na Hungria: a Grande Planície Húngara, situada no sul e leste do país, ocupando mais de metade do território; a Pequena Planície Húngara, situada no noroeste; o sistema montanhoso conhecido por Transdanúbia, com altitudes compreendidas entre os 400 e os 700 metros, separando as duas planícies húngaras; e as Montanhas do Norte, de características vulcânicas, que integram o sistema montanhoso de nome Mátra onde se encontra o ponto mais alto da Hungria, o Monte Kékes, com 1 015 metros.
Os recursos hidrográficos são vastos, sendo os maiores rios o Danúbio e o Tisza, que percorrem o país de norte a sul, destacando-se, também, a existência de um dos maiores lagos da Europa, o Lago Balaton, com 598 km2.
O clima da Hungria é continental e moderadamente seco, com um nível de precipitação média anual de 550 a 600 mm nas terras baixas e de 600 a 800 mm nas terras altas, enquanto que a temperatura varia de -4o C a 0o C em Janeiro e de 18o C a 23o C em Julho.
O povo húngaro, vulgarmente designado por magiar (nome também atribuído à língua húngara), é bastante homogéneo, sendo muito difícil distinguir qualquer subgrupo. Constitui 97% do total da população, sendo os restantes 3% compostos por ciganos, alemães, eslovacos, sérvios, croatas e romenos.
A Hungria tem na bauxite, no carvão e no manganésio os principais recursos minerais, contando também com quantidades substanciais de chumbo, zinco e cobre. Nos últimos anos, têm sido descobertas na Hungria áreas consideráveis de petróleo, gás natural e urânio, alterando o panorama húngaro quanto a recursos energéticos, até então tido como pobre.
Até 1989, a Hungria teve uma economia socialista, planeada e dominada pelo Estado, caracterizada pela estagnação, pela inflação galopante e pela descida do rendimento per capita. Com o desmoronamento do bloco de leste, a Hungria abriu caminho em direcção à liberalização da economia, facto que não constituía novidade para o país, já que, entre 1968 e 1973, vigorou o Novo Mecanismo Económico (NEM), um programa de reformas económicas que passava pela abolição das directivas estatais em detrimento das decisões e iniciativas privadas, pelo nivelamento dos preços em relação aos custos de produção e atribuição de bónus a trabalhadores e gerentes em conformidade com os lucros obtidos. Mas a reforma do fim da década de oitenta foi mais longe, ao definir, não só a eliminação de empresas estatais que se encontravam em processo de bancarrota, como também a não atribuição de qualquer apoio ou subsídio a empresas privadas em situação similar. Estas medidas favoreceram o sector industrial, o de maior peso na economia (representa 33% do PIB, e emprega 1/3 da mão-de-obra), pois permitiu uma reestruturação selectiva das indústrias, orientando-as para a produção de bens com procura garantida no mercado, especialmente as construções mecânicas dirigidas à exportação. Os produtos industriais mais importantes são o cimento, o aço em bruto e o aço laminado, fertilizantes, têxteis e vestuário, artigos electrónicos (televisão e rádio), locomotivas e autocarros.
Apesar de a importância da agricultura ter decrescido dentro do quadro económico húngaro (7% do PIB), a verdade é que este país é auto-suficiente no que se refere à produção de bens agrícolas, chegando mesmo a exportar vários desses produtos. Destes destacam-se o milho, o trigo, a beterraba, a cevada e a batata. Em 1993, 94 e 95 a seca afectou bastante a agricultura, mas os rebanhos aumentaram, o que traduz um certo êxito das reformas implementadas.
Quanto ao sector terciário, verifica-se que o sistema financeiro continua sob o controlo estatal, apesar de haver, actualmente, uma gradual divisão das actividades financeiras com os bancos privados. Há que realçar a importância do turismo na obtenção de divisas estrangeiras, devendo parte do seu desenvolvimento às excelentes estruturas de comunicação (estradas, caminhos-de- ferro e transportes aéreos).
A Hungria - nomeadamente a sua capital, Budapeste - é famosa pela intensa actividade cultural, fruto do enorme investimento estatal nesta matéria que cria excelentes condições de trabalho para os vários artistas. Assim se compreende o elevado número de tantos artistas húngaros de renome internacional, como Béla Bartók, Zoltán Kodály ou Kálmán Mikszáth.
A Hungria tem as suas raízes históricas no ocupação das margens do Rio Danúbio pelo povo magiar nos finais do século IX, terras essas que tinham sido ocupadas pelos romanos (ano 14 a. C. - século IV d. C.), pelos germanos (século V), pelos avaros (séculos VI-VIII) e pelo império de Carlos Magno (século IX). Nos finais do século X, os magiares adoptam o Cristianismo como religião, iniciando, ao mesmo tempo, a estruturação de um reino forte e independente; e, no século XII, a Hungria era o principal Estado da Europa centro-leste. Contudo, em 1241, dá-se o início do fim da Hungria como reino independente, através da grande invasão mongol, que dizimou metade da população húngara e deixou um rasto de completa destruição. Após esta invasão, a Hungria mergulhou num período de instabilidade interna, culminando no desaparecimento da dinastia régia Arpad, em 1301. A partir desta data, a Hungria passou a ser dominada pela casa real de Nápoles e, após as invasões dos turcos otomanos iniciadas no século XIV, a Hungria foi dividida, em 1568, em três partes: uma faixa estreita a ocidente passou para o domínio dos Habsburgos da Áustria (que acabariam por dominar toda a Hungria nos finais do século XVII); a leste, a Transilvânia ganhou o estatuto de autonomia sob a soberania dos turcos; e a parte central passou para o domínio directo dos turcos.
Em 1848 ocorre uma revolução liderada por intelectuais húngaros com o objectivo de obter a independência da Hungria, causada não só pelo descontentamento social provocado pela política despótica dos austríacos, como também pelos constantes conflitos étnicos existentes entre os magiares e as outras etnias presentes no território, como os romenos, os eslovacos, os sérvios e os croatas. Na sequência desta revolução formou-se em 1867 o império austro-húngaro, sob o qual a Hungria gozou de maior independência interna, embora não a suficiente para alguns sectores da sociedade representados no parlamento, o que causou várias situações de instabilidade política. Este império dissolveu-se com o fim da Primeira Guerra Mundial - durante a qual manteve uma aliança com a Alemanha -, sendo o território húngaro dividido, sob o Tratado de Trianon (4 de Junho de 1920) entre a Roménia, a Checoslováquia, a Jugoslávia, a Áustria, a Polónia e a Itália, ficando a Hungria com praticamente a área que possui nos nossos dias. Este desmembramento foi acompanhado por um período de grande instabilidade e ruptura social, política e económica, cuja causas se encontram na ocupação da Hungria pelo exército romeno e na tentativa falhada dos bolcheviques húngaros em conquistarem o poder. Toda esta conjuntura deixou feridas profundas na sociedade húngara, o que, junto com uma reconstrução nacional que se mostrou difícil e demorada, veio a contribuir para um largo crescimento dos movimentos radicais de direita. Tal facto esteve na origem da aliança entre a Hungria e a Alemanha de Hitler, através da qual viam a oportunidade de recuperar as áreas perdidas com o Tratado de Trianon. Com o decorrer da guerra, a Hungria foi-se envolvendo cada vez mais no conflito, sobretudo na frente leste, onde se opunham as forças alemãs às soviéticas, contando para isso com o apoio da maioria dos húngaros, que guardavam na memória a má experiência bolchevique ocorrida em finais da década de vinte. No entanto, a União Soviética revelou-se mais forte, fazendo retroceder gradualmente as forças germano-húngaras até as expulsarem da Hungria em 4 de Abril de 1945. A partir de então, a presença das forças soviéticas abriu caminho à implantação de um regime comunista, numa primeira fase de uma forma discreta, tornando-se depois mais concreta e efectiva em 1949, com a declaração da República Popular da Hungria, processo este que nem a revolução de 1956 conseguiu impedir. Neste ano subiu ao poder János Kádár que, embora comunista, conseguiu implementar ao nível da economia e da cultura políticas com algumas características liberais, tornando assim a Hungria no país pró-soviético mais tolerante.
Com o fim do comunismo na União Soviética e o seu consequente desmembramento em 1989, a Hungria aproveitou a oportunidade para se libertar daquela ideologia, iniciando um processo de democratização fundamentado na revisão da Constituição, na qual se estabeleceu a divisão dos poderes (legislativo, judicial e executivo), a implantação de um sistema político multipartidário e o consequente abandono do termo "popular" na designação do país. As eleições de 1990 levam ao poder uma coligação de partidos formada pelo Fórum Democrata Húngaro, pelo Partido dos Proprietários Independentes e pelo Partido Democrata Cristão, e chefiada pelo líder do Fórum, József Antall. Deu-se então início à execução de reformas económicas com vista a aproximar a Hungria dos níveis de vida dos países da Europa ocidental. Contudo, o governo revelou-se impotente para levar a cabo tais reformas, o que resultou numa pesada derrota para os partidos da coligação (principalmente o Fórum) nas eleições gerais de 1994, que deram uma larga vitória ao Partido Socialista Húngaro (54% dos votos), foi formado por ex-membros do Partido Comunista. No entanto, para evitar qualquer desconfiança ou receio, quer por parte dos húngaros, quer por parte da comunidade internacional, o PSH estabeleceu um acordo com a Aliança dos Democratas Livres (18% dos votos) com vista à formação de um governo de coligação sob a liderança do socialista Gyula Horn. Este governo tem tentado, desde então, tornar as reformas económicas mais efectivas, tendo dado ao mesmo tempo início a um processo de revisão constitucional para, num prazo de dois anos, ser aprovada uma nova Constituição.

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